É de se imaginar que a reconstrução de uma coleção tão extensa, como era a antiga Coleção Entomológica do Museu Nacional, é uma tarefa hercúlea, a qual envolve diferentes etapas e atores. Talvez, uma das etapas mais elementares seja o trabalho de campo, o qual envolve a coleta de amostras biológicas para compor o novo acervo. Contudo, tão importante quanto a coleta são as atividades pós-campo, as quais envolvem o processamento do material amostrado e a adequada incorporação e preservação destes exemplares dentro da coleção científica. Toda essa parte é realizada dentro dos laboratórios de pesquisa do Departamento de Entomologia do Museu Nacional.
As etapas de processamento do material podem variar de acordo com o método de amostragem utilizado (ex.: captura com rede entomológica ou com armadilhas). Aqui iremos apresentar um pouco mais sobre o processamento de material proveniente de coletas com armadilhas Malaise. A Malaise é uma armadilha de interceptação de voo e tem um formato semelhante a uma “casa” que favorece a entrada do inseto em um pote com álcool acoplado a ela. Esse pote é revisado e trocado periodicamente, retirando os insetos coletados e devolvendo um pote vazio para a armadilha.
Os potes das armadilhas Malaise são levados para o laboratório, onde é iniciado o processo de separação dos exemplares (tecnicamente chamado de triagem) em categorias taxonômicas mais abrangentes, como ordens e famílias. Os exemplares maiores são triados à olho nu, enquanto que para insetos diminutos é necessário o uso de equipamento especializado, como o estereomicroscópio.
Considerando que, a cada expedição científica, são trazidos vários potes das armadilhas Malaise e que cada pote contém centenas de insetos, das mais diversas ordens, é possível deduzir que a etapa da triagem pode levar vários dias até ser concluída. Para auxiliar e otimizar essa etapa, o Departamento de Entomologia vem organizando o “Dia das Malaises”, evento direcionado aos seu corpo docente, técnicos e discentes nos níveis de graduação e pós-graduação. Em algumas edições, o evento também contou com a participação de colaboradores externos à instituição, como o caso do Prof. Leonardo Silvestre (pesquisador da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro – UFRRJ) e seus alunos de iniciação científica.
O ‘Dia das Malaise’ ocorre no Laboratório de Diptera, localizado no prédio anexo Alípio Miranda, próximo ao Palácio do Museu Nacional. A técnica do Departamento de Entomologia, Marina Gomes, tem sido a responsável pela organização do evento. Além de auxiliar na reconstrução da Coleção, o evento promove a capacitação técnica dos envolvidos em uma das etapas de curadoria de uma coleção entomológica, troca de saberes entomológicos e a integração social entre os docentes, técnicos e estudantes.
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